Em casa, nos ônibus, nas salas de espera. Até mesmo em lugares onde a atenção deveria estar focada em outras áreas, como em salas de aula ou em shows. O fato é que parece que as pessoas não desgrudam mais de seus telefones celulares. Conceitos sobre quando e onde se pode usar o smartphone ainda estão sendo construídos pela sociedade e variam de pessoa para pessoa, mas está cada vez mais difícil entrar em um lugar onde ninguém esteja fazendo uso do celular.

               O sentimento de que todos estão cada vez mais conectados foi confirmado pela pesquisa Mobile Report, uma parceria entre Nielsen e IBOPE. O ritmo de crescimento da posse de smartphones em 2015 foi de mais de um milhão de pessoas por mês, e o número de pessoas que usam esses aparelhos para navegar na internet alcançou um patamar de 76,1 milhões no terceiro trimestre de 2015.

Mesmo com o aumento constante, a pesquisa revelou que 51% dos usuários possuem um aparelho smartphone há mais de um ano. Apesar disso, alguns consumidores afirmam ter a intenção de trocar ou adquirir outro aparelho smartphone em breve: 5% pensam em trocar o dentro de um mês; 12% entre um e três meses; e 27% querem trocar o smartphone somente depois de um ano.

A mesma pesquisa também se dedica a analisar o perfil dos consumidores de internet, buscando saber em que momentos e para que fins fazem uso da rede. Em se tratando dos horários em que as pessoas estão mais conectadas, o de pico é entre 20 e 22 horas: 63% dos usuários afirmaram utilizar a rede nesse intervalo. O segundo horário mais utilizado é o após o expediente, entre 18 e 20 horas, com 55%. O horário de almoço, entre 12 e 14 horas, apresenta 53%. A pesquisa também mostrou alguns dados curiosos, como o hábito dos brasileiros de navegar na internet enquanto estão no banheiro (20% afirmaram fazer isso). O celular também disputa atenção com a TV, com 34% dos usuários navegando enquanto assistem. A “olhadinha” antes de dormir – aquela que acaba atrasando o sono de muitos – mostrou-se a mais comum, ocorrendo em 48% das pessoas.

Os aplicativos mais utilizados no Brasil, para a surpresa de ninguém, foram os de redes sociais e troca de mensagens instantâneas. Entre os vinte aplicativos mais citados pelos usuários, seis deles são de redes sociais ou de troca de mensagens, quatro são de bancos, três são de e-mail e dois são de mapas e localização.

A presença dos aplicativos de bancos na lista surpreendeu alguns analistas e mostra que os consumidores se sentem cada vez mais seguros em realizar transações financeiras online através do smartphones. Outro levantamento, feito pela MMA (Mobile Marketing Association) mostrou que os brasileiros também têm usado os aparelhos para fazer compras. De acordo com a pesquisa, os mais jovens (entre 14 e 24 anos) realizam compras de itens de moda através dos celulares e são os maiores consumidores de entretenimento, como ingressos para espetáculos, filmes e música. O público acima dessa faixa etária também é consumidor de moda, e também de itens de tecnologia e até mesmo passagens aéreas.

Esses dados podem parecer um pouco vagos de início, mas quando se trata de elaborar estratégias para uma marca ou empresa, elas se mostram muito úteis. O uso pesado de redes sociais, por exemplo, mostra onde as pessoas gastam mais tempo e dedicam grande parte de sua atenção, logo são espaços que não devem nunca ser ignorados pelos anunciantes. Nos horários de maior tráfego, as mensagens publicitárias têm maiores chances de serem recebidas pelo público. A confiança em fazer compras online abre possibilidades para empresas que atuam na área de e-commerce. Se as pessoas estão confortáveis em fazer compras pelo celular, é necessário ter um site que se ajuste as telas pequenas, ou até mesmo um aplicativo especialmente desenvolvido para a marca. Tudo depende de uma análise completa, que concilie as necessidades do consumidor com as da empresa, e ajude ambos a crescer e viver melhor.

Por Ana Beatriz Carvas